segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diário de Bordo*

*Escrito dentro de um ônibus, em 18/07/09. Técnica: caneta sobre papel 8-)

A Caminho de Campinas/SP. Rumo à conquista de um Brasil melhor. Pelo menos pra mim...
Floripa é bela; sobretudo na superfície. A estrela de meia-idade desponta acima do monte que confina a planície litorânea por onde transcorre a BR 101 das praias de Gov. Celso Ramos. Um amigo meu possuía um terreno ali, em Palmas. Vendeu, antes que eu tivesse oportunidade de conhecê-lo. O mesmo aconteceu com outro lote, que ele comprara em Garuva, praia de Itapoá. No meio do matagal. Absolutamente sem acesso. Comprou às cegas, de um trambiqueiro qualquer, que fora à repartição onde trabalhava, em Blumenau. Eu devia ter uns 16, 17 anos.
Esse episódio não lembra os pseudo-religiosos que se aproveitam dos miseráveis incautos, alienando-lhes escrituras celestiais? Saliento que não estou me referindo, aqui, a exemplares da Bíblia.
É por essas e outras que, às vezes, sinto que quem deveria usar lentes corretivas para miopia não sou eu. É esse meu amigo...

Neste ponto da viagem, surge uma névoa sobre a vegetação que margeia a estrada. O Brasil é rico. Na superfície. Sobre uma ínfima partícula de território, a leste, vê-se o mar, o sol nascente, as montanhas, o campo e a neblina. Portugal, Japão, Suíça e Inglaterra, reunidos nessa amostra de território do nosso país-continente, esse gigante pela própria natureza, que insiste em permanecer deitado eternamente em berço esplêndido.

Não há favelas, poluição, nem criminalidade. Não neste ponto.

2 comentários:

  1. Oi querido. Seu texto me fez lembrar dos pintores de paisagem do século XVIII, com sua descrição meticulosa e sensível. Mas, responda-me uma questão: em sua escrita você contrapõe a visão do paisagista à cegueira daqueles que procuram possuir a paisagem. A seu ver, ao desejo de posse resta sempre a névoa, condenando nossos olhos míopes a eterna cegueira. Muito lindo isso, me fez lembrar do "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago. Como o escritor português, você também acredita numa visão para além do sensível? E se existe, como podemos absorvê-la nesse mundo do espetáculo em que vivemos?
    bjs

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  2. Claro, querida, que acredito. O Universo é muito mais do que o "sensível" (pra usar tuas eruditas palavras). A posse é tão-somente um desejo da alma presa à carne. É natural. Mas a paisagem transcende a pequenez humana e desfila, por bilhões e bilhões de anos-luz, a sua beleza universal.

    Beijão!

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