sábado, 19 de dezembro de 2009

O Evangelho segundo Dr. Christian - versículo III

JC cruzou olhares com aquele sujeito que parecia lhe pedir alguma coisa. Uma alma aflita e solitária apenas? Ou um aproveitador oportunista? Cedo para concluir. Quem sabe as duas coisas...
No canto da boca, um cigarro de palha torto. "Tem fogo?" - perguntou o homem. JC, evidentemente, não fumava. Havia provado uma espécie de cachimbo formado por tubos flexíveis, contendo uma mistura de vapor e essências uma vez em Belém, na taverna de um árabe. Mas inalar fumaça definitivamente não era sua praia. JC balançou a cabeça em negação, mas sentiu que deveria responder com outra pergunta: "há algo mais que eu possa fazer por você?"
"Bem, me diga o seu nome, senhor".
"Jesus. Mas pode me chamar de JC.
"Muito prazer. Sou Judas. Judas Iscariotes".
"É um prazer, Judas."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Paz e amor

Hoje só quero deixar registrados meus votos de Feliz Matrimônio para minha querida mana Stefanie.

Que Jesus, Buda, Shiva, Alá, os ET's, a Natureza, o Universo ou o que quer que cada um acredite estejam ao teu lado e do Jay.

A cerimônia deve estar para começar.

Eu e a Cris vamos almoçar e depois sentarmos na posição da flor-de-lótus, mentalizando vibraçoes positivas e murmurando: oooooooooooommmm!!!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Máximas de um país mínimo"

Reinaldo Azevedo é rock'n'roll:

"As convicções de uma maioria não tornam verdadeira uma mentira".

Espero que venha lançar o livrinho aqui na Ilha da Fantasia no ano em que faremos contato.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Poema do Avião


Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro

Estou morrendo de saudade...
(Tom Jobim - Samba do Avião)

Gosto de voar nas alturas
Ver outras culturas
Pisar em outros chãos

Penetrar em cavernas escuras
Sufocar nas agruras
Da escuridão

O mundo é repleto de curvas
Muitas delas turvas
Outras tantas não

E embora às vezes me encaixe
Embora eu me ache
Ou me sinta um anão

Quando quero, saio de fininho
Vou pro meu cantinho
E procuro um irmão

Mas tudo o que eu consigo
É ficar em perigo
Levand’outro sermão

Só porque não me rendo à mentira
À farsa mais vil
Nem à dissimulação.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Evangelho Segundo Dr. Christian - Versículo II

Completou 18 anos e seguiu para Jerusalém, a Big Apple da Palestina.
O frisson da metrópole Lhe inflava as veias.
Chegando lá, matriculou-se na faculdade de Teologia da PUJ (Pontifícia Universidade Judaica). Era o primeiro da classe. Os professores ficavam impressionados com seu talento de pregador. Esboçou, no segundo ano, as primeiras linhas de uma ode que entraria para a História e continuaria sendo entoada dois mil anos depois: o Pai Nosso.

Considerando que o curso era no período noturno, JC, como era chamado pelos mais íntimos, durante o dia fazia bicos de pescador. Mas os cardumes de tainhas e cações naquelas bandas estavam em baixa. Assim, Nosso Senhor recolhia a rede e, mesmo que tivesse capturado apenas duas ou três unidades, craque em Matemática Financeira que era, Ele as multiplicava por dez, obtendo alguns quilos, suficientes para encher duas cestas e vender no mercado local. Seu cliente preferencial era o popular João Batista, Seu primo, dono do Box nº 33, além de capitão e centroavante do Palestina Júniors. Esse procedimento miraculoso garantia a JC o sustento de uma semana.

Certa noite, quando voltava para casa após um extenuante dia de pescaria e estágio no Templo, dobrou a esquina na Rua Monte Sinai e esbarrou num certo Judas Iscariotes...

continua

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Evangelho Segundo Dr. Christian

Capítulo I

Versículo I

Jesus sempre foi um cara maneiro. Quando criança, ao contrário do "tal João de Santo Cristo", só pensava em ser mocinho. Seu pai, o carpinteiro José, que também possuía habilidades de ferreiro, ensinou-Lhe a fazer piões de madeira e estrelas de xerife de metal, para alfinetar na túnica. O Menino Jesus era tão generoso que, no Natal, quero dizer, no Seu aniversário, era Ele quem costumava presentear os amiguinhos em Nazaré.

Já na adolescência, em Belém, começou a frequentar semanalmente os ensaios do Boi-Bumbá Caprichoso ab Salém. Nas férias escolares, no fim do ano judaico, ia à praia do Pontal da Faixa de Gaza com seus inseparáveis brothers Tiago e Simão. Certa vez, o primeiro tentou impressionar dando um salto mortal sobre a arrebentação. Jesus deu uma risadinha marota e caçoou dele: "isso é tudo o que consegues?" Então, para espanto da crowd, passou a caminhar sobre as águas e deslizar dentro do tubo formado nas ondas de três pés.

to be continued...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

8/12


Dia da Justiça.

E, paradoxalmente, dia de uma grande injustiça: o assassinato de John Lennon, que hoje faz 29 anos.

Lembro de meu pai chocado assistindo à TV em preto e branco, na maternidade Carlos Correa, enquanto minha mãe amamentava a Stefanie, então com apenas dois dias de vida.

Eu tinha seis anos e meio.

Ali, conheci o nome de John Lennon. Sete anos depois, entraria em contato com sua obra: meu pai comprou a fita 20 greatest hits of The Beatles. Passei a escutá-la num aparelhinho estilo micro-system, do Paraguai, no meu quarto da casa do Loteamento Belvedere, em Blumenau. Curiosamente, esse aparelho também continha uma mini-TV preto e branco. Me amarrei de cara. Can't buy me love, A Hard Day's Night, Yesterday, Hey Jude... Fiquei com a impressão de que a humanidade não precisava compor mais nada. Mas ainda iria descobrir o Dire Straits. Mais dois anos se passariam e eu já estava em plena adolescência, cheio de espinhas na cara e calos na mão. I want my MTV.

Stef e Pai, que tal aproveitarem a passagem pela Índia e fazerem uma oferenda, no Ganges, para este que imaginou um mundo sem fronteiras, possessões ou religiões?

You may say I'm a dreamer. But I'm not the only one.

domingo, 6 de dezembro de 2009

faltam 25 dias..


... para 2010, o Ano em que Faremos Contato.

Não perca: Em um descampado perto de você.

Siga as luzes.

(ok, eu pirei).

sábado, 5 de dezembro de 2009

Bric?

Acabei de falar com meu cunhado, Marcio. Ele disse que minhas irmãs que estão na Índia ainda não se comunicaram pelo blog firangis.blogspot.com, nem por e-mail, porque lá, apesar de ser um polo tecnológico, é muito caro pra usar a internet.

Então, vamos celebrar mais uma vez a inclusão digital à brasileira. E viva o B.r.i.c...!

Frase do Século XVIII

"Apesar de genial, sou um cara bem normal".

Do Blog do Mozart, na Carta Capital.

Achei ótima.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Segredo...

... segundo Dan Brown, é saber como morrer. E continua: existiriam, em Washington, documentos escondidos desde 1991 que levariam a um portal.

É esse o mote do livro o Símbolo Perdido, que estou lendo. Às vezes dá, preguiça percorrer as mais de 500 pgs do livro, mas as férias vêm aí (Thanx God!) e até o fim delas eu devo terminar. O único senão são alguns concursos interessantes que estão por aí e que não dá pra desprezar. Enfim... TEM QUE ESTUDAR (fazer o quê...)!

Fica a questão: até onde o que lemos, vemos e ouvimos é ficção? Até onde é realidade?

Não importa. A única verdade absoluta é que CADA UM tem que fazer a sua Parte. Para construir o Todo.

Bom dia, galera. Hoje tem sol de novo!

sábado, 28 de novembro de 2009

2012 - Uma Odisséia no Espa.., digo, nas Águas

Apesar da ausência de intenção, este blog passou a centrar-se em resenhas de cinema.

Então, aí vai mais uma.

Não resisti ao apelo do tema e fui assistir, no "Dia do Beijo" do Shopping Iguatemi, ao filme 2012. E agora estou aqui a praticar mais esse exercício de crítica. (Nunca vou me perdoar de ter relegado à segunda opção no vestibular o curso de Jornalismo). Felizmente, inventaram a internet e os blogs pra gente brincar de jornalista.

Feitos esses devaneios (des)necessários, voltemos ao tema: 2012. O desastre ambiental é iminente e o G8 tem uma carta na manga para salvar exemplares das diversas espécies, inclusive a humana.
Não vou revelar as "surpresas"do filme, restringindo-me a expor minha leitura do mesmo, do que eu vejo nas entrelinhas (ou, caso prefiram, entre os fótons que irradiam a telona).

Enfim, o que me chamou atenção, é o destaque ao protagonismo das potências emergentes, (assunto que me fascina, conforme já escrevi aqui) as quais, muito em razão da exagerada população que habita seus territórios, não se furtam a desempenhar ações pontuais de suma importância. É o caso do geólogo hindu que descobre a ameaça que vem do sol; dos chineses em cujo solo se constrói a base e as naves que abrigarão os sobreviventes; do destaque à notícia da destruição do Rio de Janeiro, com o repórter da Globo News narrando o desabamento do Cristo Redentor; e, por último, o apoio decisivo do líder russo para salvar uma expressiva quantidade de pessoas.

Parece que o tradicional primeiro mundo definitivamente se rendeu à necessidade de comungar seus avanços tecnológicos e filosóficos com o dito terceiro mundo.

Nota-se, por outro lado, o esforço dos norte-americanos em sustentar as pretensões messiânicas de seu governo, embora fique claro que seu sistema esteja ruindo frente às mudanças na geopolítica internacional. E a metáfora desta ruptura está adequadamente representada pelos terremotos e tsunamis que assolam o país.

Mas a mensagem que, ao menos para mim, fica, é a seguinte: de nada adianta essa transferência de conhecimento e técnica, se as nações beneficiadas e suas exóticas populações não souberem aproveitar e reinventar sua aplicação. Tudo isso em nome do propósito maior: a preservação da nossa e das demais espécies, bem como do planeta.

Caso falhemos, o destino é um só. E haverá de emergir das águas uma nova África, para servir de berço para um novo hominídeo? Irá a vida imitar a arte? Ainda há tempo para que não tenhamos que depender do acaso?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Is this it??

Ontem fui ver This Is it, filme póstumo sobre o Michael Jackson. Dá um nó na garganta ver aquela figura de 50 anos se requebrando como se ainda estivesse no auge da criatividade, da agilidade e da forma física, no longínquo ano de 1982.

Você fica se perguntando, por quê logo ele? Com tanta cacalhada perturbando a evolução terrestre e espiritual da humanidade, que cada vez mais se entope de remédios, drogas, álcool, comida e sexo promíscuo, porque não encontra sentido nessa vivência à deriva de interesses incompreensíveis e difusos, porém não difusos no sentido jurídico, que tanto agrada às bancas de concursos públicos e tanto lhes dá oportunidade para manipular resultados de questões.

Difusos porque ninguém entende a quem estamos favorecendo. A quem isso tudo aproveita.

Porra, o Michael só queria fazer música de qualidade, espetáculos incríveis. Por que logo ele se deixou levar por uma falsa medicina? Será que foi pra alimentar de assuntos uma falsa imprensa, que por sua vez vende espaço publicitário pra falsas agências, que vendem "campanhas" para uma falsa sociedade do espetáculo tosco, espectadora de um circo dos horrores?

Eu quero é mais MJ's, mais Beatles's, mais Elvis's, mais Mozarts, mais Tons e Vinícius's!!!!

Whatever. Hoje to de mal-humor.
Devo tomar fluoxetina ou um banho gelado??

God bless you, MJ!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dois contos

Republico abaixo dois dos contos que participaram da Bolsa Funarte de Criação Literária, mas que infelizmente ficaram no banco de reservas. Bola pa frente!

A Entrega Perfeita
ou
Entraves Brasileiros dos Correios e Telégrafos (ECT)


O número no painel eletrônico era 428. Ou seria 482? Talvez tenha sido 824... Na verdade, não importa. Como a data da morte da mãe do estranho e fleumático Mersault[1]: “Foi ontem. Ou quem sabe anteontem...”
O que há de representativo no ocorrido, é que muitas vezes o esforço em se atingir um resultado satisfatório, eficiente, periga desaguar na total inoperância finalística.
Explico: hoje fui a uma agência dos Correios postar um pacote cujo conteúdo era um brinquedo, uma espécie de par de luvas do Super-Homem que emitem ruídos de pancada quando pressionadas sobre dada superfície, como a barriga do meu cunhado e padrasto do Arthur, este último, meu afilhado e sobrinho, cujo quinto aniversário foi comemorado há quinze dias, no Rio de Janeiro.

Bem, assim que o atendente apertou o dispositivo que lançou no painel o número da minha senha, dirigi-me ao guichê e indaguei se aquele pacote embrulhado com papel de fundo azul permeado de motivos juvenis (se não me engano, continha figuras de skateboarders manobrando seus brinquedos rolantes), poderia ser despachado no estado em que se encontrava, sem que fosse necessário acondicioná-lo numa outra caixa, ou envolvê-lo no tradicional papel pardo que normalmente embala as encomendas postais.
O rapaz de cabelos compridos cacheados e aspecto alternativo, no mais puro estilo “make love not war”, foi veemente ao responder que a caixa muito provavelmente chegaria em estado deplorável, amassada e/ou rasgada. Em suma, corria-se o risco de o brinquedo restar inutilizado quando atingisse seu destino, a Praia de Botafogo. Trocando em miúdos: o Arthur perderia a oportunidade de divertir-se desferindo sonoros cruzados de direita no baço do meu cunhado.
Respondi que o brinquedo parecia ser resistente, de pouco volume e bastante compacto.
Então, o atendente me entregou uma folha de papel cortada ao meio para que eu escrevesse os dados do destinatário e do remetente, para que em seguida ele colasse em cada lado respectivo do pacote com fita adesiva, concluindo o procedimento.
Agradeci e dei dois passos à esquerda para que o funcionário postal chamasse o próximo cliente. Curiosamente, este chegou também com um brinquedo para enviar, desta vez uma bola. O atendente, sempre muito cioso e no intuito de resguardar a qualidade do serviço postal (ou até mesmo pra não ser incomodado na sua atitude zen com futuras reclamações), aconselhou-o a embalar a bola numa caixa retangular, para que os encarregados do transbordo não percebessem que se tratava de uma bola, e não sentissem a incontrolável tentação de chutá-la, cabeceá-la e/ou matá-la no peito, lançando no ângulo do contêiner que a transportaria. Quem sabe ainda correriam “pra galera”, dando saltos mortais, ou imitando os geniais passos de Michael Jackson, ou ainda, chupando o polegar em homenagem ao filho recém-nascido.
Mas esse cliente posterior estava mais despreocupado. Decidiu ir comprar o papel pardo na livraria do prédio ao lado para embrulhar a bola, sem se importar em preservar dos olhos alheios seu aspecto esférico, afirmando não estar “nem aí”, e que, quem quisesse, que ficasse inteiramente à vontade para brincar de Ronaldinho. Desde que o brinquedo chegasse intacto no destino.
O alerta do cabeludo (de que a bola seria chutada), logo depois de quase me fazer desistir de enviar o presente do Arthur, provocou risos em mim, no próprio “hippongo” e no sujeito que não daria bola para eventuais chutes na sua bola.
No meu íntimo, além de achar graça de tudo aquilo, passei a refletir sobre o paradoxo que meus olhos míopes testemunhavam: a cega determinação em oportunizar serviços de qualidade, por pouco não provocou em dois clientes consecutivos a vontade de desistirem de contratar um serviço tão corriqueiro e banal quanto a postagem de uma encomenda, face aos obstáculos que as corporações gigantescas promovem em nome do tal controle de qualidade e do reconhecimento do mercado, esse ente despersonalizado que tanto aflige os corações e mentes de uma sociedade de consumo fragmentada e fragilizada.

A entrega perfeita parecia, aos olhos de todos, fantasmagórica, com sua perfeição espectral. Exceto ao nosso prosaico protagonista de balcão, que não acredita em fantasmas.


Aparências e Desencontros


Do solo, José observava extasiado a altura daquela coisa. Uma complexa obra da engenharia mecânica, eletrônica e sabe-se lá, até mesmo aeronáutica, cuja única serventia era inversamente proporcional ao acúmulo tecnológico nela investido: divertir, singelamente.

A Big Tower perfilava uma altitude de cem metros e o impacto nos hormônios se dava pela queda livre. José a admirava. Mas a temia. Era a terceira vez que freqüentava aquele parque, e sempre que ali estivera, prometera a si mesmo que, da próxima vez, ele finalmente tomaria coragem.

Novamente, “amarelou”. Na verdade, quem decidiu ir foi Joana. Estavam casados há dois anos e meio, e resolveram dar um basta no marasmo se deslocando àquele parque. Joana respirou fundo, aguardou ansiosamente na fila sua vez, e sentou na cabine. Ao seu lado, outra mulher percebeu sua angústia e sugeriu que se dessem as mãos. Joana hesitou, pois em tempos de gripe suína, não se sentia à vontade em estender as mãos a uma estranha, principalmente durante um inverno com temperaturas médias de 10º C. Mas resolveu segurar a mão direita da moça, face ao efeito calmante que isto lhe causaria.

Foram dois minutos até o topo da torre. Dois minutos que para Joana pareceram uma eternidade. Quanto mais alto, mais intensa se fazia a secreção da adrenalina em seus neurônios e sistema circulatório. Sentiu a parada abrupta do compartimento que a transportava, e a ansiedade atingiu o pico, nos segundos que se seguiram entre a parada e o início da queda.
E, vupt, Joana despencou, aos berros. Lágrimas lhe escorriam a face, parte em razão da incrível emoção que sentia, parte devido ao vento gelado que veloz e furiosamente lhe chicoteava. Sua vizinha de assento, como que petrificada pela experiência radical, parecia ter se esquecido de afrouxar o punho firme que ainda segurava a mão de Joana, assim permanecendo por quase trinta segundos após o fim da aventura. Ao sair do transe, fitou Joana com um sorriso meio constrangido, finalmente soltando-lhe a mão.
Saíram comentando as incríveis emoções que aquela geringonça lhes proporcionara, realimentando a excitação que começava a arrefecer.

No seu canto, José aguardava. O parque estava especialmente cheio naquele dia, e a Big Tower era um dos brinquedos mais procurados, daí a quantidade de pessoas em torno dela, o que tornava fácil perder-se de seus acompanhantes. Passaram-se dez, quinze minutos desde a descida. E nada de Joana. Foi quando Antônio apareceu. Entabulou uma conversação com José sobre a torre radical e a excitação que ela causava.
- Já fui três vezes - disse Antônio.
Surpreso e envergonhado com sua covardia, José respondeu que já havia ido duas vezes e se preparava para entrar na fila novamente.
- Não vejo a hora de voltar – completou.
Continuaram conversando sobre as atrações do parque, um afirmando que o que mais apreciava era a montanha russa, o outro, a roda gigante. Conduziram o assunto para dados pessoais: de onde vinham, o que faziam, para que time torciam. E o tempo foi passando. Meia hora depois da descida de Joana, José lembrou-se dela e tornou a estranhar, agora, mais do que nunca, sua ausência.
Resolveu despedir-se de Antônio e sair em busca de sua mulher. Notificou o interlocutor do que o intrigava, apertou-lhe a mão e afastou-se.
Seguiu direto ao corredor de saída da Big Tower. Ficou ali por uns instantes, girando sobre seu próprio eixo, a mão esquerda em perpendicular rente à testa, com vistas a tapar o sol poente que lhe ofuscava a visão, enquanto varria o horizonte em todos os ângulos, à procura daquele rosto ovalado, circundado pelos cabelos castanhos cacheados que tanto lhe aprazia fitar.
E como lhe dava prazer a imagem do rosto de Joana! Lembrou-se daquela vez em que foram àquele outro parque, situado naquela outra cidade, quando, de cima do Barco Viking, o anel de noivado que lhe presenteara escorregou de seu anelar direito, caindo numa vala lateral ao brinquedo. Este incidente representou nada mais do que um mísero contratempo na lua-de-mel perene que viviam então. Mesmo assim, Joana ficou bastante aborrecida com a perda daquele objeto de tamanha importância sentimental e material.
José procurou incansavelmente. Duas horas transcorreram. Ligou repetidas vezes para o celular de Joana: desligado. O parque estava para fechar. Estava inclinado a registrar queixa do desaparecimento.
Foi quando recebeu uma mensagem de texto. Era de Joana. “Mil perdões. Outra hora conversamos. Estou bem. Adeus”.
Desconsolado, José entrou no carro e partiu do parque. Agora, além de covarde, passara a ser um marido traído. Assim, de súbito.
O parque encerrou suas atividades. Antônio ficara até o último minuto. No caminho de volta, recordou sua conversa com José. Antônio também mentira. Era outro medroso querendo contar vantagem, igualmente temia a torre, tampouco tinha tido coragem de se aventurar nela.
- “Que sujeito corajoso, esse José” – pensou Antônio. - “Deve ter uma mulher maravilhosa a seus pés”.

[1] Personagem do romance O Estrangeiro, de Albert Camus

domingo, 1 de novembro de 2009

Dia de Sol


by Letícia Castelli Savedra


Hoje eu acordei e estava um belo dia e resolvemos ir a praia. Entao eu me arrumei e fomos. Como o vovo estava um pouco gripado ,ele ficou nos esperando fora da praia. Depois voltamos e eu fui tomar uma ducha e depois fui me trocar. Entao fomos ao restaurante. Depois partimos para FLORIANOPOLIS e eu fui para a casa do papai,e agora estou digitando tudo isso que fiz hoje.

A propósito do tema postado abaixo (Heil Freedom)


Do Yahoo Notícias, vale registar:

Encontro histórico lembra queda do Muro de Berlim
Dom, 01 Nov, 10h13


O ex-presidente americano George H. Bush (o pai), de 85 anos, subiu no palco apoiado numa bengala; o ex-chanceler Helmut Kohl, de 79, sentado numa cadeira de rodas. Apenas Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética, aos 78 anos, caminhou sem auxílio. Vinte anos depois, os três protagonistas da queda do Muro de Berlim, da reunificação da Alemanha e do fim da Guerra Fria reuniram-se ontem no Palácio Friedrichstadt, na capital alemã, para receber homenagens e lembrar o episódio que mudou a configuração do mundo.

Como velhos amigos que se reencontram, eles aproveitaram para dizer o que pensam uns dos outros. Gorbachev foi o mais franco. "Meu amigo Bush, os Estados Unidos também precisam de uma perestroika", disse ele ao conservador ex-presidente americano, usando o nome dado às reformas que introduziu depois de assumir a liderança do Partido Comunista da União Soviética, em 1985 - que culminaram na dissolução da URSS, em 1991. "Os EUA estão maduros para a mudança. As pessoas estão esperando pelo (presidente Barack) Obama."
Falando de improviso, ao contrário de Bush, que leu sua intervenção, Gorbachev ponderou que Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz no início do mês "sem ter feito muito ainda". Mas acrescentou que os contatos feitos pelo presidente americano com governantes de outros países demonstram "uma grande dose de compreensão" e que Obama "sabe que mudanças são necessárias".

"Sinto muito, Helmut, mas não tivemos boas relações no começo", continuou Gorbachev, voltando-se para o ex-chanceler alemão. "Foi melhorando com o tempo." O ex-presidente lembrou que a então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e o então presidente francês, François Mitterrand, opunham-se à reunificação alemã. Ele contou que, numa entrevista coletiva com o ex-chanceler, depois da assinatura de um primeiro acordo, em junho de 1989, perguntaram-lhe se a "questão alemã" tinha sido discutida. Gorbachev respondeu que ela ficaria para o século 21. Três meses mais tarde, a ex-Alemanha Oriental liberava a passagem pelo Muro de Berlim, abrindo caminho para sua absorção pelo vizinho ocidental.
Kohl reconheceu que "a confiança cresceu com os anos". Olhando para a plateia de 1.800 pessoas, muitas com os olhos marejados pelo simbolismo do encontro e pelas lembranças que ele suscita, Kohl disse: "Muitas das pessoas que estão aqui passaram metade de sua vida do lado errado do Muro. Muitos acreditaram que isso (a reunificação alemã) não aconteceria." No auditório estava a recém-reeleita chanceler Angela Merkel, originária da ex-Alemanha Oriental. Quando Gorbachev falou, ela não precisou do fone para ouvir a tradução simultânea. Como todos os que cresceram em países sob domínio soviético, Merkel entende russo.
"Na história alemã, não temos tantas razões para nos orgulharmos", disse Kohl, considerado não só o artífice da reunificação alemã, mas também da integração europeia. "Mas eu tenho orgulho da unidade alemã." Chanceler entre 1982 e 1998, Kohl afirmou que se sentia mais próximo de Bush e de Gorbachev do que dos governantes europeus. "Não tenho dúvida de que a história reconhecerá Mikhail por sua visão", elogiou Bush, que presidiu os EUA de 1989 a 1993. "Hoje temos a dimensão das tremendas pressões que ele enfrentou nos anos 80, mas nunca fraquejou." Quanto a Kohl, o ex-presidente americano classificou-o de "um dos maiores estadistas do século 20", e acrescentou: "Ele é sólido como uma rocha." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Heil Freedom!

É admirável como os alemães da atual geração têm olhado no retrovisor da História, afastando-se em linha reta do ponto deste espaço-tempo em que jaz a fumaça do não-direito. As explosões e corpos carbonizados ficaram terminantemente para trás. O holocausto representa, pois, uma lição definitiva, dura, porém inesquecível.

É estimulante para os que trabalham pelo bem e pela evolução da humanidade ver os alemães (e as lindas alemãs) de hoje, cultos, poliglotas, bem-humorados e talentosos representarem no cinema uma caricatura de seus antepassados cegos de ódio e preconceito, bem como de uma vaidade absurda que não enxergava um palmo diante do nariz ariano, embora pensassem que tudo viam, que tudo podiam.

Refiro-me a dois filmes que vi recentemente e que reputo os melhores do ano. Um, já é lugar-comum dizer, é Bastardos Inglórios, do Tarantino. Filmaço que dá vontade de ver várias vezes, de baixar a eletrizante trilha (não vou ser hipócrita em dizer que encomendei o CD importado, por US$50,00, na Amazon.com).

Aquele Capitain-Fuehrer Hans Landa rouba a cena. O sarcasmo, o deboche, e a imoralidade do vira-casaca de última hora, que queria dinheiro e uma passagem com destino a um paraíso tropical qualquer, com vistas a exilar-se, como retribuição pela omissão em fazer o que, segundo os dogmas da cosmoética, não seria possível: salvar a alma (perdida) do Fuehrer-Mor, Herr Adolf, e de seu braço direito (literalmente) sinalizado com a invariável faixa vermelha, o Kaiser da Propaganda, Goebbels.

Outro filme interessante é "O Falsário", atual detentor do Oscar de melhor estrangeiro, em que um judeu especialista em falsificar dinheiro é poupado da morte em Auschvitz para comandar uma fábrica de produção de libras e dólares tão perfeitos que chegam a merecer, por parte do Tesouro Britânico, certificado de autenticidade.

Desta vez, vêem-se jovens atores alemães interpretando judeus idealistas que deliberadamente atravancam o processo de produção das notas falsas, delonga essa que perdura o suficiente para os aliados cercarem Berlim, causando a debandada do nazistas.

Sim, os alemães, potência do passado e do presente, aprenderam com seus erros.

As potências emergentes (principalmente o BRIC) têm muito que aprender com eles. E evitar a todo custo não cair na mesma tentação devastadora.

O Super-Homem de Nietzsche não foi Hitler. Não foi Stalin. Não foi Bush. Não foram os militares. Não é Chavez. Não é Lula.

Não se encontra no obscurantismo centralizador de poder e riqueza. Mas sim no interior da consciência de cada um.

O Super-Homem de hoje não deve girar o mundo ao contrário. Sua Lois Lane ainda vive.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O paradoxal absolutismo da Informação

Hoje em dia não é mais a Santa Inquisição que assusta e intimida. É a Santa Informação.

Como vocês podem ver, o Google AdSense me baniu do seu sistema, excluindo os anúncios do site e alegando que eles estariam acarretando riscos para seus anunciantes.

Assim, sem mais nem menos. Sem dar maiores explicações de que riscos seriam esses.

"Democraticamente", colocaram-se ao dispor caso eu deseje "apelar" da decisão. O problema é que eu não sei qual infração pratiquei com relação aos meus anúncios e aos ganhos que estava auferindo. O problema, é que essa corporação tampouco é o Poder Judiciário Internacional, para admitir "apelações" contra suas próprias arbitrariedades.

Meu prejuízo foi irrisório (apenas US$12,00 até então), mas poderia ser maior, caso a conta estivesse mais polpuda. Porém, o que mais assusta é a manipulação de corporações como o Google, que fazem o que querem com nossas ideias e atitudes online.

Vou ler O Processo de Kafka pra ver se tiro dele alguma explicação e alguma inspiração. Pois por enquanto, com a metamorfose provocada no site, estou me sentindo uma barata esmagada com uma chinelada. E quem me conhece, sabe que eu não tenho sangue desse bicho.

Quem sabe, então, entre com a apelação (!)

À bientôt!

sábado, 10 de outubro de 2009

Frase da Década

"Tolerância no dos outros é refresco."


(Hermes Trimegistro, apud Mr. Crowley)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Hoje é 9/10: o dia do Alê!

Alezinho, figurinha


Ta fazendo hoje 1 aninho


Cada dia mais fofinho


E mais engraçadinho



Te adoro, meu filhinho


Teu sorriso e teus dentinhos





És um charme ao sorrir


E fazer cara de gatinho!





Amanhã tem bolo dos Babies Disney!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sabedoria Medieval

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...



William Shakespeare

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Lelê

Minha linda filha Letícia completa hoje 7 aninhos.

Beijão do Papai, meu Amor!

Parabéns!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Anjos e Demônios


Recomendo ver e rever o filme Anjos e Demônios, no qual o tema Igreja versus ciência, já abordado em O Código da Vinci, é potencializado com efeitos especiais de tirar o fôlego.
Só decepciona que Robert Langdon (Tom Hanks) mais uma vez não "pega" ninguém. Esperemos que, na próxima aventura do inteligente simbologista, Dan Brown o liberte da castidade que deveria ser atributo dos cardeais tão-somente.

Por curiosidade, resolvi folhear o livro que deu origem ao filme, nos capítulos finais e, ali, consta que Langdon acorda no mesmo quarto de hotel de Vitoria Vetta. Porém, algumas linhas mais abaixo, o autor descreve que, ao invés de uma, são duas as camas desarrumadas. Vitoria, então, em tom de brincadeira, declara que casou-se com um velho, face à demora de seu parceiro de reviravoltas mirabolantes em levantar-se e se aprumar para irem à cerimônia de apresentação do novo Papa, na tradicional sacada defronte à Praça de São Pedro.
Evidentemente, esta cena não poderia fazer parte do longa, já que o Langdon personificado por Hanks se apresenta jovem e em boa forma.
O filme nos instiga a refletir sobre a questão da estratégia católica de fazer uso da Arte como ferramenta de persuasão dos fiéis no tocante ao status da Igreja como a Procuradoria de Deus na Terra. Quer dizer, para o autor, as imagens de anjos e santos atuam como instrumento entre os sentidos e o divino. Por outro lado, sob esses símbolos, jaz a força demoníaca do artifício, uma vez que não passam de imagens construídas por seus artistas sob demanda do Vaticano. Se adentrarmos a Capela Sistina, rodeados pelas pinturas de Michelangelo, é bem possível sentirmos a presença de Deus. Eis o mistério da Fé, quando cessa a imagem e inaugura-se o divino? Parece essa uma questão muito pertinente apresentada por Dan Brown. E não será à toa que seu herói também esbarre nesse mesmo mistério, já que Langdon é um misto de cientista e santo, com sua irretocável ética e desapego ao mundano, quase uma pintura sacra, quase uma imagem de Da Vinci.

domingo, 6 de setembro de 2009

Cultura de Almanaque e Canja de Galinha...

... não fazem mal a ninguém:

Você sabia que o neologismo Bina (identificador de chamadas) foi cunhado pelo eletrotécnico Nélio José Nicolai, em 1977, e significa: o receptor "B" Identifica o Número "A"?

Fonte: Wikipédia

sábado, 29 de agosto de 2009

Por onde andará Belchior?


A onda da galera ultimamente é dar palpites sobre o paradeiro do Belchior.

Eis algumas suposições:

a) Internado no Laboratório Roche, servindo de cobaia para testes da vacina anti-H1N1

b) Internado numa clínica psiquiátrica no interior de SP para tratamento contra a fobia de avião

c) Fazendo bicos como escovão de pinico nos EUA, já que a venda de CDs não rende mais nada

d) Foi abduzido por uma nave espacial

e) Todas as alternativas acima. Belchior, assim como Eric Clapton, é onipresente e onipotente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Reveses

"Poems, everybody..."
(The Teacher, em The Wall)

Era uma vez um tempo, amigo,
Em que o teu sacrifício
Era sinônimo de júbilo,
De conquista e poder.

Agora, esse estado de coisas
Que às vezes te empolga,
Que às vezes te move,
E te dá o que fazer,

Fica a mercê de atos,
E à deriva de fatos,
Que não têm nada a ver.

E o que era pra ser útil,
Passa a ser maçante;
E o que te daria prazer,
Torna-se, sabes o quê?
Frustrante.


Cara, te levanta de uma vez
Pega tua bengala e chapéu
Já que essa tola intrepidez
Só serve pra te transformar
Em Réu!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Xenofobia britânica é isso aí...



Só me resta comemorar a harmonia racial MADE IN BRAZIL.

Falando nisso, hoje é o aniversário do suicídio de Vargas. Era uma vez a honra de um político. Nas suas próprias palavras: saiu da vida; entrou para os livros de História.

Enquanto isso, Back to the Future, no Senado, Sainey faz história de gibi: O Clube dos Mickeys

Durmam bem. Que nem o meu neném.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Toca Raul!!!


Neste aniversário dos 20 anos sem Raul, tomo a liberdade de transcrever a fenomenal letra de Ouro de Tolo, em nome dos que, como eu, não se conformarão em terminar sentados no trono de seu apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar:

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil reais
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
De segunda mão
Um Fiesta 2006...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Floripa
Depois de ter me ferrado
Por quase dois anos
No interior do Estado...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Quebra-cabeças

Ontem consegui terminar um quebra-cabeças de 871 peças.

Que incrível sensação!

Obrigado, Senhor!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Drummond ilhéu, eu??


Muito me emocionou o comentário da Tia Marília no post abaixo.

Tanto, que já iniciei conversações com o mestre da poesia brasileira(vide foto ao lado)! Não por acaso, sempre o admirei, como escritor, poeta e coincidentemente, funcionário público que tirava deste ofício o seu sustento.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Família, Família

"Família, família
Cachorro, gato, galinha
Família, família
Janta junto todo dia e nunca perde essa mania"

Os versos anacrônicos de Nando Reis soam estranhos nos dias de hoje. Pois eu, saudosista confesso, sinto muita falta, não da janta, mas do almoço de todo dia, com a família unida. E da minha "cachorra", a Mary, uma lhasa apso loirinha e superpeluda. Faleceu de hepatite, devido a um diagnóstico enviesado de uma dublê de veterinária que concluiu padecer o animalzinho de um simples resfriado, ou coisa que o valha.

Nos dias de semana, recordo-me do macarrão com salsichas da minha avó materna, Ivan (A Terrível, rs). Preparava um cozido muito bom também, aprendido em sua infância em São Joaquim, em meio aos índios velhos da serra com quem tinha relações de parentesco. Lembro de dois primos dela que vieram nos visitar na casa da Djalma Moellmann, um deles ostentando um genuíno cocar.

Já do lado da minha vozinha Irene (paterna), que há dois meses completou 87 anos de vida digna e generosa, comia-se diariamente um feijãozinho muito bem temperado com folhas de louro. Eu achava curiosa aquela obsessão deles por feijão e lembro que alguém me disse que, dada a procedência de maior parte desse ramo da família do Rio de Janeiro, a mais brasileira das cidades, não podia faltar à mesa, ora, a mais brasileira das iguarias. Sempre com arroz e farinha, ingredientes do invariável pirão.

Éramos felizes e não sabíamos.

Beijos a todos, Chaplins, Ganzos e Savedras!!
Vocês habitam o que há de mais doce na minha memória...

Estelionato


“Who knows where the cold wind blows
I ask my friends but nobody knows”
Whitesnake

Quem nunca impingiu muita fé e esperança em algo que aparentemente lhe proporcionaria grande retorno espiritual, emocional ou material (ou as três coisas simultaneamente) que atire a primeira pedra. Pois eu confesso: já vivi e, tenho a consciência, ainda viverei muito essa situação, enquanto minha passagem sobre este plano perdurar.
Vivemos na era da isca metafísica. Somos jumentos que puxam inexoráveis carroças apinhadas de lenha para servir de combustível em proveito de outrem. E queremos apenas alcançar aquela cenoura, aquele pedaço de capim que se nos é suspenso sobre o focinho, mas que nunca alcançaremos.
É o que eu chamo de estelionato contra a alma. Contra a mente. Contra a natureza humana. E geralmente, este delito é praticado em concurso de agentes. O problema é identificar quem é o autor intelectual, já que, quanto aos partícipes, basta olhar-lhes fundo nos olhos.

Boa semana!


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Homenagem ao Leão

Quem diria, o céu é o limite para o Avaí.

Tão azul, tal qual o leão da Ilha do Sul.

O Miguelito ta até rouco.... :-P

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Provérbio Português

"Nunca contes tudo o que sabes; nunca faças tudo o que podes; nunca acredites em tudo o que ouves."

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diário de Bordo*

*Escrito dentro de um ônibus, em 18/07/09. Técnica: caneta sobre papel 8-)

A Caminho de Campinas/SP. Rumo à conquista de um Brasil melhor. Pelo menos pra mim...
Floripa é bela; sobretudo na superfície. A estrela de meia-idade desponta acima do monte que confina a planície litorânea por onde transcorre a BR 101 das praias de Gov. Celso Ramos. Um amigo meu possuía um terreno ali, em Palmas. Vendeu, antes que eu tivesse oportunidade de conhecê-lo. O mesmo aconteceu com outro lote, que ele comprara em Garuva, praia de Itapoá. No meio do matagal. Absolutamente sem acesso. Comprou às cegas, de um trambiqueiro qualquer, que fora à repartição onde trabalhava, em Blumenau. Eu devia ter uns 16, 17 anos.
Esse episódio não lembra os pseudo-religiosos que se aproveitam dos miseráveis incautos, alienando-lhes escrituras celestiais? Saliento que não estou me referindo, aqui, a exemplares da Bíblia.
É por essas e outras que, às vezes, sinto que quem deveria usar lentes corretivas para miopia não sou eu. É esse meu amigo...

Neste ponto da viagem, surge uma névoa sobre a vegetação que margeia a estrada. O Brasil é rico. Na superfície. Sobre uma ínfima partícula de território, a leste, vê-se o mar, o sol nascente, as montanhas, o campo e a neblina. Portugal, Japão, Suíça e Inglaterra, reunidos nessa amostra de território do nosso país-continente, esse gigante pela própria natureza, que insiste em permanecer deitado eternamente em berço esplêndido.

Não há favelas, poluição, nem criminalidade. Não neste ponto.