sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Toca Raul!!!


Neste aniversário dos 20 anos sem Raul, tomo a liberdade de transcrever a fenomenal letra de Ouro de Tolo, em nome dos que, como eu, não se conformarão em terminar sentados no trono de seu apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar:

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil reais
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
De segunda mão
Um Fiesta 2006...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Floripa
Depois de ter me ferrado
Por quase dois anos
No interior do Estado...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Um comentário:

  1. Hahahaha!

    Ótima homenagem ao meu xará genial.
    E o Mussum vestido de cidadão respeitável, doutor, ficou muito engraçado!

    Abraço
    Raul

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